segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Primeira busca e apreensão da minha vida na Polícia Federal

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O delegado manda no grupo: Amanhã teremos uma busca e apreensão, alguém se voluntaria? E o novinho aqui, empolgadão, é um dos primeiros a levantar a mão. Beleza, amanhã, todos na delegacia às 3h30. Sairemos 4h para o ramal tal, para pegar o traficante X, que está traficando mesmo com a tornozeleira eletrônica.

Acordar 2h30 da manhã não é uma coisa gostosa de se fazer, pensei. Já comecei a me indagar se eu gosto mesmo desse negócio de busca e apreensão. Fico me perguntando: porque os bandidos não trabalham somente em horário comercial, hein? Não seria melhor para todos não?

Na operação para pegar esse traficante, eram 4 PFs, e mais uma galera de outras forças. Quanto mais, mais né? Menos chance de reação e é mais seguro. Porém, maior a chance de vazamento da informação de que estamos indo e de verem que estamos chegando.

Aqui, na fronteira, esses caras moram em ramais (ramal é uma pequena estrada de barro cercada por floresta ou fazendas). E, se sentirem o menor perigo, um cheiro que seja de polícia, correm para dentro do mato, e não tem quem ache. A área de busca é gigante e não temos cachorro. E esses ramais são pouco movimentados. Então qualquer movimentação a mais gera suspeita. Mas era o jeito ir assim, e fomos.

Chegamos na casa de X umas 6h. De madeira, paupérrima. - Polícia, abre! Gritamos. A mulher de X abriu, com um bebê no colo. A casa era pequena, quente, toda suja. Para a nossa surpresa (nem tanta assim!) o traficante tinha fugido. Certeza que viram a gente chegando e ligaram avisando. Pelas informações da tornozeleira, ele tinha ido para o mato e depois cortado e jogado ela fora.

Ainda tentamos encontrá-lo, as drogas e tudo mais, mas sem sucesso. A área era muito grande. As buscas foram infrutíferas. Voltamos umas 13h pra delegacia. Trouxemos alguns objetos suspeitos da casa. Mas nada tão relevante em curto prazo.

Perdemos essa apesar dos esforços. Fica para a próxima.