Primeira: A colega bruta!
Havia uma colega na PRF que tinha a fama de ser bruta. Quando eu tomei posse ela já tinha uns 6 meses de casa, e fiquei sabendo que alguns usuários que foram abordados por ela tinham indo na superintendência da PRF reclamar de sua brutalidade. Mas era o jeito dela. Se você conversasse com ela, era gente boa. Ela não era desonesta nem nada, só bruta no trato mesmo. Mas era boa de serviço.
Tirei um plantão com ela uma única vez, e nós precisamos sair do posto para atender uma ocorrência. Ela era a motorista, então foi dirigindo. Só que no meio do caminho tinha um carro parado na BR, com dois homens. Estavam a uns 2 quilômetros do posto da PRF de onde tínhamos saído.
Ela parou a viatura do lado e perguntou se eles estavam com algum problema. Os caras responderam que não, que só param pra urinar. Foi quando ela fez cara de capirota e soltou: precisava ser no meio da BR, porra! Eu tive que morder a língua para não rir.
Quando os caras foram embora, todos envergonhados, e nós tornamos para a nossa ocorrência, eu disse pra ela. Você é bruta hein! Meu deus do céu. Ela disse: todo mundo fala isso, estou começando a acreditar. Vida que segue.
Segunda: Escapando de um provável assalto.
Toda vez que chego para colocar o carro na garagem de casa, que tem um portão elétrico, eu fico atento aos movimentos da rua. Vejo se não vem carro ou moto, se não vem gente a pé ou se tem alguém por ali sem fazer nada, com atitude suspeita. Além disso, sempre paro o carro em uma posição que dê para arrancar caso perceba algum perigo.
Dessa vez cheguei em casa, parei o carro numa posição segura, olhei em volta. Nada suspeito, então cliquei no botão para abrir o portão. Quando o portão estava na metade, passou um carro por mim e parou a uns 20 metros a minha frente, no meio da rua. Na hora em que vi isso já cliquei de novo no controle do portão pra ele parar de abrir, ficando mais alerta ainda para a situação.
O carro começou a dar marcha ré. Nessa hora cliquei pro portão fechar, saquei a pistola e mirei na direção da porta do carona, que era a mais próxima de mim. Meu carro tinha os vidros escuros, então quem estava fora não podia me ver. Sentia o coração bater na garganta, tamanha adrenalina. E eu só pensava: se descer vai levar. Se descer, vai levar.
O portão fechou. O carro, do nada, parou de dar ré, já quase do meu lado, e foi embora. Até hoje não sei se eles notaram que eu tinha percebido a intenção deles, ou se era só alguém procurando um endereço. Mas confesso que foi tenso.
Terceira: Menina sozinha no embarque internacional.
Trabalhei na imigração do aeroporto por 5 meses, assim que fui lotado na Superintendência onde estou atualmente. Não era o que eu queria, mas fui cumprir minha missão da melhor forma possível.
Não sei se é assim em todos, mas nesse aeroporto tem uma área quase que exclusiva para voos internacionais. E só abrimos esse setor quando estão chegando ou saindo esses voos. Durante o resto do dia o setor fica trancado. Nesse aeroporto os voos ocorriam somente na madrugada. Começavam por volta das 1h da manhã e terminavam lá pelas 5h.
Tínhamos acabado de atender o último voo do dia. O sol já começava a aparecer. Eu sai do atendimento para ir no alojamento buscar alguma coisa. Quando estava retornando, passando pela área internacional, que já estava toda trancada, vi uma menina, já adolescente, sentada num dos bancos.
Olhei mais de uma vez para crer, porque não era para ninguém estar ali. Como que ela entrou? Será que era uma assombração? Mas juntei coragem e fui lá com ela. Para minha alegria, não era um fantasma. Então perguntei dela como que ela tinha chegado ali. Ela respondeu que havia uma porta aberta e ela entrou. Alguém, provavelmente da equipe de limpeza ou companhia aérea, esqueceu uma porta aberta.
Se eu não a tivesse visto, ela perderia e voo e ficaria trancada até alguém aparecer. Chamei o responsável pelo embarque daquela passageira perdida e voltei tranquilo para o trabalho. Mais uma vida salva! hahaha
Por hoje é só, pessoal. Espero que tenham gostado das resenhas.
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