Polícia Federal: Sonho ou Pesadelo?
A gestão do capital
humano na Polícia Federal deveria se preocupar mais com a satisfação do seu
pessoal, tratando como peça essencial para o sucesso do órgão, reconhecendo o
valor de cada um. Esse reconhecimento gera um policial federal mais envolvido e
comprometido com a instituição, MOTIVADO, fazendo ele se sentir parte da PF, havendo,
assim, uma identificação pessoal com o órgão. E isso é fundamental para a saúde
de ambos: Servidor e Polícia Federal.
Vendo a atual
desmotivação de grande parte do efetivo policial, não acho que a gestão de
pessoal esteja se preocupando de nenhuma forma com os seres humanos policiais.
Isso começa na ANP, com a tentativa de eliminar cada aluno. Vi alunos sendo
eliminados sem nenhum critério ou por motivos insignificantes com
justificativas do tipo: por que sim. Posso dar como exemplo um aluno que numa aula
de defesa pessoal fraturou a última falange do dedo anelar. E, mesmo isso não
causando nenhum prejuízo e nenhuma atividade, ele foi eliminado. Isso já começa
a causar frustração.
O código penal ordena que
“não há crime sem lei anterior que o defina e não há pena sem previa cominação
legal”. Na academia o crime é definido na hora. Sem regra anterior. E a pena é
dá cabeça de cada gestor. Cada aluno deveria ser tratado como uma pessoa viva,
e não como apenas um número. São sonhos de uma vida que estão em jogo. E
frustrar sonhos não ajuda a motivar. Criar regras claras e transparentes já
seria um bom começo.
Ao tomar posse jogam você
na sua cadeira e falam: faz isso. Não há conversa. Não há reuniões. Não há feedbacks. Ou faz ou eu mando outro
fazer! É assim que acontece na maioria das vezes. Não há treinamento dos
gestores para gerirem de fato. Cada um faz da sua cabeça, sem nenhuma
uniformidade de uma gestão para outra. Faz o servidor pensar: “o que eu estou
fazendo aqui? Isso não é minha casa e parece que nunca será”. Não há
perspectiva de melhora. E essa falta de perspectiva é muito desmotivadora.
Treinar os gestores para entenderem o que deve ser feito e como deve ser feito
seria uma boa forma de começar a mudar essa situação.
Não há meritocracia de
fato. Os servidores que desenvolvem ótimos trabalhos, ao invés de receberem
benefícios, recebem mais trabalho. Os servidores ruins são beneficiados com
pouco trabalho e com viagens e remoções, já que ninguém os quer por perto. Os
gestores que conheço não se preocupam em saber o porquê da desmotivação. Um
exemplo de “prêmio” para bons servidores seria, por exemplo, uma missão em casa
– para quem está fora de casa – ou o direito de escolher férias primeiro que os
outros, por exemplo. Deveriam haver métricas objetivas para mensurar a
qualidade do trabalho de cada um.
A gestão de pessoal vai
desde se preocupar com o ambiente onde acontece o trabalho, até cuidar da
própria saúde do servidor. Não só pensar que o servidor ganha o salário dele
todo mês, então tem que fazer o que eu mando sem questionar. Isso empobrece a
polícia federal como um todo. Contra-argumentos ajudam a desenvolver ideias e
pensamentos. Debates são saudáveis para o desenvolvimento.
Um servidor motivado
trabalha mais e se empenha mais. Com isso gera mais e melhores resultados
frutos do seu labor. Não adoece. Se sente satisfeito onde está e se sente parte
da instituição. Fica com a mente sã. E isso faz todos saírem ganhando. O
servidor feliz onde está. E o órgão, que estará em pleno desenvolvimento e saudável,
já que o órgão é a soma dos seus servidores. Isso se torna um círculo vicioso.
Servidor saudável, polícia saudável.
ps.: Isso foi um desabafo de alguns meses atrás que fiz numa redação para um curso interno.
pps.: Nem sempre tudo são flores. Na verdade, quase nunca.
ppps.: Isso é para aqueles que pensam que é tudo uma maravilha. Galera, essa fase minha passou. Mas tive que correr atrás. E recebi uns conselhos de uma certa Novinha (mulhernapolicia).
pppps.: Ah, tirei nota máxima nessa redação. Pra me gabar um pouco.